teixeira barbosa
Versão digital / Digital version
Fotografia / photography
Lambda print
1/3 + 1 P.A.
100 x 70 cm
2006 / 2009

A iniciativa do observador consiste em fazer conjecturas acerca daquilo que vê. Essa conjectura revela, provavelmente, um aspecto da obra que observa, o que significa ignorar muitos outros aspectos.
Quando nos defrontamos com uma meta-linguagem criam-se barreiras, filtros que não permitem uma leitura mais aproximada. A interpretação exige do observador tomar conhecimento de certos elementos. Que signos? Que significados?
"Uma meta-linguagem crítica não é uma linguagem diferente da sua linguagem-objecto. É uma porção da própria linguagem-objecto e, neste sentido, é uma função que qualquer linguagem desenvolve quando fala de si própria." (Umberto Eco, Os limites da interpretação).
Como tal, quanto mais ambígua e polivalente for a linguagem, quantos mais símbolos e metáforas possuir, mais adequada se torna para realizar a coincidência dos opostos. Deste modo permite a interpretação plural.
Qualquer observador legitima a sua interpretação sobre a obra de arte recorrendo habitualmente às referências que lhe são mais próximas ao mesmo tempo que procura um intérprete que descubra e descodifique as conexões implícitas.
A obra é sempre equívoca nunca unívoca, embora possa corresponder às coisas por semelhança trazendo a impressão de uma lógica de qualidades que podem não corresponder àquilo que se vê porque a sobrevalorização de indícios imediatamente evidentes poderão induzir a falsos significados; não se tratando aqui de mensagens secretas mas de signos ilusórios ou até comuns que com alguma facilidade são absorvidos sem no entanto estarem presentes.

Teixeira barbosa
2009